Um tanto de nada!
Ter a certeza de que
aqui não é o meu lugar! Mesmo que a veste da alma percorra os caminhos da terra
entrelaçado com os caminhos do eterno.
É ausência que se faz presente, do que já fui e não sei
quando... ou quem sabe do que não
consegui ser durante esta estada passageira.
Informação não
localizada pela limitação de ser humano quase desumano com ele próprio.
Faz-me sofrer, porque percebo que há um plano a se cumprir.
Traçado, escrito, determinado, mas com direito a escolha de
executá-lo!
Em qual lugar se encontra esse plano, entre esses inúmeros e
enormes cômodos do cofre dourado?
Só ouço o seu compasso lento que me proporciona uma sensação
de letargia.
Às vezes tenho a sensação de que não percorri a minha
trajetória. Há sempre um vazio provocado por uma palavra, dita ou escutada, por um gesto, por um pensamento vago, mas que
marca presença, assim como algo calcificado, machucando a alma e a sua veste,
provocando sangramento nas feridas que ainda não cicatrizaram.
Isso traz vazio, cor
de chumbo, chumbo, chumbo... Que reflete sobre a veste da alma, com raios do
sol ao se por, num dia de rigoroso inverno, congelando... Congelando... Congelando...
E o plano, como executá-lo?
É o chumbo, é o gelo, é letargia que fecham as janelas da alma.
Num ritual intimo,
entrego esse mar ao dono do lugar de onde em vim e espero...
Quem sabe a partida desse lugar ao qual não pertenço, quem
sabe o tempo necessário para encontrar os planos no cofre dourado do meu ser...
Conceição Gama.