domingo, 20 de fevereiro de 2011

AS RAZÕES DA RAZÃO!





Caminhava de pés descalços sobre aquele terreno ingrime...
Como dói esses espinhos encravados nos pés! O percurso até chegar ao ponto alto da montanha e observar a água que corria livre por sobre as pedras, me faz recordar os espinhos que foram cruelmente fixados na cabeça de Jesus, e quanto já ouvi dizer que todos são livres!
Não ouso aqui tomar por parâmetro, os motivos, a aceitação, as dores que Jesus suportou!
A percepção humana me limita a compreender o que não consigo viver plenamente.
A dor que consumia a alma, marcava sua presença através das lágrimas que escorriam sobre a face, invandindo sem permissão a boca, adentrando pela garganta percorrendo todo o corpo.
Aquelas lágrimas detinham o poder de externar a dor, e tornar público o que era necessário ocultar!
Elas revelavam sentimentos enraízados de outras tantas dores, fincandos no solo da alma de modo profundo, e invasivo... 
O sabor da lágrima de dor, arde no coração, deixa o dia cor de chumbo, carregando consigo a tempestade do vazio ,e raios de desesperança...
Traz a sede do desejo de compreender e ser compreendida!
É começo da busca das razões que geram as situações e suas consequências.
As razões...
São como sementes que foram plantadas no cerne da essência humana, gerando uma árvore estéril, e como tal , não brotaram os frutos que os pássaros deveriam alimentar-se e por conseguinte ao lançarem seus voos, espalhassem as novas e necessárias sementes em outros terrenos, gerando a oportunidade da mixagem dos "conceitos e achismos" que compõem as inúmeras razões próprias de cada justificativa do proceder, do ser, e especilamente do cobrar...
A liberdade é a consciência e vivência do saber, é ponderação sobre as escolhas...
"Tudo posso, porém nem tudo me convém!"
E as razões, puseram a liberdade numa pequena caixa de cristal, e a decoraram com um grande laço vermelho, da cor de sangue, dissimulando, ocultando aos mais desatentos o tesouro valioso que encontra-se na caixa de cristal...
O desejo de ouvir e falar, a necessidade de ouvir, calar, ponderar, argumentar, que estão tão discretamente instalados na semente do perdão.
E a fechadura da caixa de cristal é dourada como o sol...
Por vezes é ofuscada pelo orgulho, mais resta a esperança de que o sol se sopreponha ao egoísmo, e lhe mostre as verdades que insistimos em não revelar!
Amanhã, é outro dia...
Até lá, os espinhos serão retirados, se for dada a permissão que o Amor adentre no mais íntimo do ser humano, lá naquele lugar bonito e de não tão fácil acesso, onde a razão morre para nascer o perdão!
 É certo que suas marcas ficarão, porém foram lavadas pelas lágrimas da dor de quem quer aprender a viver!

Conceição Gama.
20-02-11.